Além dos ótimos e surpreendentes vinhos, a Eslovênia me presenteou com vivências inesquecíveis. Estive em várias regiões produtoras de vinho – e na bela Liubliana – mas faço um recorte de um local muito especial.
Algumas experiências realmente nos marcam e deixam muitas saudades. Tive várias assim, em viagens que fiz. Uma delas foi na Eslovênia, em 2018. Tive a oportunidade de ficar hospedado numa fazenda turística muito acolhedora, localizada na região de Goriška Brda, fronteira com a Itália. Donos simpáticos, que gostavam de uma boa conversa de fim de tarde regada a Rebula, produzido no local. Para os que não sabem, Rebula é uma casta branca típica daquela região, que muda de nome quando cruzamos a fronteira e entramos na Itália, onde é chamada de Ribolla Gialla.Vinho bem mineral, agradável e refrescante. Combinava com a conversa, leve e aprazível, e com as cores do entardecer. Difícil um texto alcançar o que vi e vivi naqueles dias. Fotos e filmagens também não imprimem as sensações mais agradáveis. Ainda bem que temos a nossa memória que nos brinda com risos solitários de nossas recordações mais belas.
As conversas de fim de tarde, um pouco em inglês, um pouco em italiano, a depender da rima das palavras, alinhavam-se ao momento descontraído. As rústicas instalações, que dispensavam sinais digitais, pouco úteis para o momento, estavam na mais natural das ordens e cores.
Falávamos de vinho, de família e da história da região. A cada nota cada vez mais alaranjada que o horizonte nos presenteava, sentia uma alegria poeticamente ingênua pela minha existência. Ao mesmo tempo em que nossa conversa me impulsionava para a criação de uma narrativa própria para todas as palavras que ouvia.